O amor
Em uma sala de aula havia várias crianças. Quando uma delas perguntou à professora: - Professora, o que é o amor? A professora sentiu que a criança merecia uma resposta à altura da pergunta inteligente que fizera. Como já estava na hora do recreio, pediu para que cada aluno desse uma volta pelo pátio da escola e que trouxesse o que mais despertasse nele o sentimento de amor. As crianças saíram apressadas e, ao voltarem, a professora disse: - Quero que cada um mostre o que trouxe consigo. A primeira criança disse: - Eu trouxe esta flor, não é linda? A segunda criança falou: - Eu trouxe esta borboleta. Veja o colorido de suas asas, vou colocá-la em minha coleção. A terceira criança completou: - Eu trouxe este filhote de passarinho. Ele havia caído do ninho junto com outro irmão. Não é uma gracinha? E assim as crianças foram se colocando. Terminada a exposição, a professora notou que havia uma criança que tinha ficado quieta o tempo todo. Ela estava vermelha de vergonha, pois nada havia trazido. A professora se dirigiu a ela e perguntou: - Meu bem, porque você nada trouxe? E a criança, timidamente, respondeu: - Desculpe, professora. Vi a flor e senti o seu perfume, pensei em arrancá-la, mas preferi deixá-la para que seu perfume exalasse por mais tempo. Vi a borboleta, leve, colorida! Ela parecia tão feliz que não tive coragem de aprisioná-la. Vi também o passarinho caído entre as folhas, mas ao subir na árvore notei o olhar triste de sua mãe e preferi devolvê-lo ao ninho. Portanto, professora, trago comigo o perfume da flor, a sensação de liberdade da borboleta e a gratidão que senti nos olhos da mãe do passarinho. Como posso mostrar o que trouxe? A professora agradeceu, pois ela fora a única criança que percebera que só podemos trazer o amor no coração. “Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem. Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Todas as criaturas em desgraça têm o mesmo direito a ser protegido”.
Um Presente Valioso
Uma pequena escola primaria, na periferia da cidade de São Paulo, tinha uma particularidade: seus alunos sentavam em dupla, em antigas carteiras pregadas ao chão. Nesta escola, estudava o pequeno Josias, que cursava a primeira série do ensino fundamental. No final da segunda semana de aula, Josias conversa animadamente com sua mãe, contando as novidades de sua recente vida escolar. A professora, as atividades e detalhes da vida de seu mais novo amiguinho, Jurandir, um menino negro, morador de uma favela localizada na região da escola, com quem passou a dividir sua carteira naquele dia, após este trocar de lugar e conseqüentemente companheiro de carteira, cinco vezes nas últimas duas semanas. Ao ouvir detalhes de seu novo companheiro sua mãe engoliu seco e disse: – Que interessante. Quanto tempo demorará até a professora realizar o rodízio entre os companheiros de carteira? – Ah, eu não permitirei mamãe, quero continuar a ser seu companheiro de carteira – respondeu Josias. Após alguns dias, a mãe de Josias marcou uma reunião com a professora. Esta a recepcionou na sala dos professores, com um semblante simpático e triste ao mesmo tempo. – A senhora é a mãe do pequeno Josias? Suponho que deseje um novo companheiro de carteira para o seu filho - disse a professora. Por favor, aguarde apenas alguns minutos, pois, estou terminando de atender outra mãe. Muito próximo dali, a professora conversava com a mãe de Jurandi, que demonstrava ansiedade em seus questionamentos e o diálogo pôde ser ouvido pela mãe de Josias: – Como Jurandi esta se saindo? Espero que esteja acompanhando o ritmo das outras crianças. Se estiver encontrando dificuldades ou criando problemas, por favor, me avise. Ela insistiu em seu questionamento: – Ele esta criando algum tipo de problema professora? Por que ele teve que trocar de carteira tantas vezes, já nos primeiros dias de aula? A mãe de Josias percebia a situação constrangedora em que se encontrava a professora, pois, ela sabia a resposta para o questionamento daquela mulher e ficou admirada com a resposta gentil da professora: – Não. Jurandi não esta causando problema algum. Porém, tento mudar as crianças de lugar diariamente até encontrarem o parceiro ideal. – Neste exato momento a mãe de Josias se apresentou e disse que seu filho deveria ser o novo companheiro de Jurandi e que esperava que eles se dessem muito bem, mesmo que em seu intimo o desejo continuava sendo o de um novo companheiro de carteira para o seu filho. Por diversas ocasiões Jurandi convidou Josias para ir até sua casa, porém, sua mãe utilizou de todos os artifícios e desculpas possíveis para se esquivar do convite. Porém, alguns dias depois do último convite, aconteceria um fato que mudaria de vez a sua visão dela com relação a esta amizade. Era o dia do aniversário da mãe de Josias. Ao retornar para casa, depois de mais um dia de aula, seu filho trazia em sua pequena mão uma folha de caderno dobrada. Deu-lhe um grande beijo, entregando o pequeno pacote, que imediatamente foi desdobrado. Dentro, ela encontrou pequenas margaridas, retiradas do pátio da escola, um “Feliz Aniversário” desenhado com lápis de cor e enfeitado com bastante purpurina e duas moedas de um Real. – Foi o Jurandi que mandou - disse Josias. É o dinheiro de seu lanche. Quando disse que hoje era o seu aniversário, ele praticamente me obrigou a trazer isso para você. Disse que você é uma grande amiga, porque foi a única mãe que não o obrigou a mudar de companheiro de carteira. “Muito distante, próximo às nuvens e junto à luz do Sol estão minhas maiores aspirações. Sei que não posso alcançá-las neste momento, mas, todos os dias, eu posso olhar para cima, contemplar sua beleza e seguir meu caminho, acreditando que um dia este será o meu destino.”
Dando o Melhor de Mim
Muitas coisas se falam a respeito de Beethoven. O fato de ter composto extraordinárias sinfonias, mesmo após a total surdez, é sempre recordado. Exatamente por causa de sua surdez, ele era pouco sociável. Enquanto pôde, escondeu o fato de sua audição estar comprometida. Evitava as pessoas, porque a conversa se lhe tornara uma prática difícil e humilhante. Era o atestado público da sua deficiência auditiva. Certo dia, um amigo de Beethoven foi surpreendido pela morte súbita de seu filho. Assim que soube, o músico correu para a casa dele, pleno de sofrimento. Beethoven não tinha palavras de conforto para oferecer. Não sabia o que dizer. Percebeu, contudo, que num canto da sala havia um piano. Durante 30 minutos, ele extravasou suas emoções da maneira mais eloqüente que podia. Tocou piano. Ao contato dos seus dedos, as teclas acionadas emitiram lamentos e melodiosa harmonia de consolo. Assim que terminou, ele foi embora. Mais tarde, o amigo comentou que nenhuma outra visita havia sido tão significativa quanto aquela. Por vezes, nós também, surpreendidos por notícias muito tristes ou chocantes, não encontramos palavras para expressar conforto ou consolação. Chegamos ao ponto de não comparecer ao enterro de um amigo, por sentir “não ter jeito” para dizer algo para a viúva ou os filhos órfãos. Não vamos ao hospital, visitar um enfermo do nosso círculo de relações, porque nos sentimos inibidos. Como chegar? O que levar? O que dizer? Aprendamos com o gesto do imortal Beethoven. Na ausência de palavras, permitamos que falem os nossos sentimentos. “Não existe verdadeira inteligência sem bondade”.